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Na Guerra do Ultramar - O nosso envergonhado Túmulo do Soldado Desconhecido



Para homenagear aqueles que em combate deram as suas vidas e que anonimamente repousam para sempre, sendo um exemplo de sacrifício para que outros possam viver em paz e segurança, foram criados espaços mais ou menos elaborados, com maior ou menor ênfase no cerimonial, com maior ou menor empenho na atitude de respeitar quem se homenageia. Com maior ou menor vontade de nos dignificarmos a nós mesmos no modo como mostramos o que o local significa para nós.

Os primeiros começaram a ser erigidos no sec XIX e mais modernamente em 1920 no Reino Unido na Abadia de Westminster e em Paris no Arco do Triunfo. Outros foram também construídos nessa altura nos Estados Unidos, “Tomb of the Unknowns”, em Itália, “Monument to Vittorio Emanuele—Unknown Soldier” e em Portugal, “Tumulo do Soldado Desconhecido”, no Mosteiro da Batalha, inaugurado no dia 6 de Abril de 1921.

E rapidamente se espalharam a todo o mundo, já que a Guerra foi um elemento infelizmente preponderante do sec. XX.

O “nosso” Túmulo contém o corpo de dois Soldados Desconhecidos. Um da 1ª Grande Guerra, nas Flandres e outro do conflito que nessa altura se espalhou a África, em combate com os Alemães que tentavam conquistar as nossas Colónias.

E para perpetuar a memória de algumas guerras, celebrar vitórias primordiais e homenagear os caídos nesses e em tantos outros conflitos, ergueram-se também Memoriais de Guerra e Cenotáfios.

A ideia é sempre a Memória associada à Homenagem.

Para que não sejam esquecidos. Para que o seu exemplo ilumine e inspire os que os visitam.

E para que essas visitas reflictam o sentimento de respeito que o sacrifício sublime desses Ilustres Desconhecidos nos merecem.


Em meu entender o Túmulo dos “nossos” Soldados Desconhecidos não dignifica nada a sua Memória nem nos dignifica a nós próprios como responsáveis pela representação maior dos altos valores que pretendemos glorificar.



A coberto da majestade magnífica do grande Mosteiro da Batalha, também relegado para uma implantação menor, visto de cima para baixo, apequenado a partir daquela malfadada estrada que lhe fizeram demasiado perto, o Túmulo do Soldado Desconhecido parece estar guardado numa cave, não vá incomodar alguém…

No dia 15 de Janeiro de 2011 às cinco e um quarto da tarde, o Túmulo do Soldado Desconhecido da República Portuguesa apresentava-se assim aos incrédulos visitantes:






Os Soldados são Desconhecidos mas Abandonados também.

A fotografia foi tirada por mim.

Nesta foto, com ajuda do Photoshop, já se vê melhor alguma coisinha…






Feriado não era e o mosteiro estava aberto a qualquer visitante.

A menos que a Guarda de pouca Honra estivesse de folga naquele dia, não se percebe a razão de tal desrespeito.

Por todas estas razões, falta de dignidade do sítio exacto onde está, naquela sala perdida algures no grande Mosteiro da Batalha, falta de grandeza na decoração a arranjo do local e principalmente falta de visibilidade pública, os “nossos” Soldados Desconhecidos

devem ser tresladados para um local mais digno


com uma visibilidade que represente o tanto que lhes devemos e que nos dignifique a nós próprios como gente capaz de perceber, reconhecer e pagar tributo.

A seguir se mostram alguns dos mais conhecidos exemplos de como povos dignos respeitam realmente os seus símbolos maiores.


Não tem comparação possível…

 



Itália, Roma: Piazza Venezia junto aos pés do Monumento a Vittorio Emanuelle II









França, Paris: Arco do Triunfo









Canadá, Ottawa: no National War Memorial, Confederation Square.





Na Abadia de Westminster







No dia 10 de Maio de 2015 a Rainha Isabel II depõe uma coroa de flores no túmulo do Soldado Desconhecido por ocasião do 70º Aniversário do VE Day 1945, 2ª Grande Guerra, dia em que a Alemanha Nazi assinou a rendição, em Reims, França.










Uma visita guiada a esta Abadia:






Malásia, Kuala Lumpur: perto do Parlamento. A mais alta escultura em bronze do mundo





Egipto, Cairo:



E em Alexandria:





Brasil, Rio de Janeiro: sobre os túmulos de 467 militares mortos na 2ª Grande Guerra em Itália, anteriormente enterrados no cemitério Italiano de Pistoia, na Toscania.





Em Pistoia, Itália: Monumento colocado pelo Estado Brasileiro no cemitério Italiano de Pistoia.






Alemanha, Berlim: no Neue Wache reconstruido sob as indicações do Chanceler Helmut Kohl. No centro uma escultura da "Mãe com o filho morto", debaixo do óculo que expõe a escultura às inclemência do tempo, simbolizando o sofrimento dos civis alemães durante a 2ª Grande Guerra




A escultura sob o óculo, ao estilo Pietá.








Japão, Osaca: Torre da Paz






Índia, Delhi: A chama do soldado imortal, conhecida como Amar Jawan Jyoti na Porta da Índia












Estados Unidos: Cemitério Nacional de Arlington, onde repousa um Soldado Americano


"KNOWN BUT TO GOD"














E só mais dois exemplos...



Rússia, Moscovo: junto ao Kremlin, no Alexander Garden








Grécia, Atenas: aos pés do Parlamento Grego, na Praça Sintagma












Comparemos...




Portugal, Mosteiro da Batalha





Repito:


Em meu entender o Túmulo dos “nossos” Soldados Desconhecidos não dignifica nada a sua Memória nem nos dignifica a nós próprios como responsáveis pela representação maior dos altos valores que pretendemos glorificar

 



Os "nossos" Soldados Desconhecidos

devem ser tresladados

para um local mais digno!




(Actualizada em 10 de Maio de 2015)








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