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ORIGEM DO NOME DESTE BLOGUE













É como se chama o rio que corre na cidade de Quelimane, situada em território do povo Macua, capital da Zambézia, Moçambique, este rio desagua 22km depois no Oceano Índico, o Grande Mar Português.


 

Foi Vasco da Gama, em Fevereiro daquele longínquo ano de 1498, à bolina pelo Oceano Índico nas costas de Moçambique, durante a primeira viagem, quem deu o nome de "Bons Sinais" ao rio que o levou a Quelimane.

Isto por ter tido ali bons sinais junto de famílias islâmicas originárias de Angoche, ali perto, de poder concluir com sucesso a viagem mar fora até à Índia..


Resa assim a Relação da primeira viagem à Índia pela armada chefiada por Vasco da Gama



«Uma segunda-feira, indo pelo mar, houvemos vista de uma terra muito baixa e de uns arvoredos muito altos e juntos. E indo assim nesta rota vimos um rio, largo em boca; e, porque era necessário saber e conhecer onde éramos, pousámos; e uma quinta-feira à noite entrámos (...)
Esta terra é muito baixa e alagadiça e é de grandes arvoredos, os quais dão muitas frutas, de muitas maneiras, e os homens desta terra comem delas.

E esta gente é negra, e são homens de bons corpos e andam nus, somente trazem uns panos de algodão pequenos com que cobrem suas vergonhas, e os senhores desta terra trazem estes panos maiores. E as mulheres moças, que nesta terra parecem bem, trazem os beiços furados por três lugares e ali lhes trazem uns pedaços de estanho retorcidos. E esta gente folgava muito connosco; e nos traziam ao navio disso, que tinham em almadias*, que eles têm. E nós isso mesmo íamos à sua aldeia a tomar água.

E depois de haver dois ou três dias, que aqui estávamos, vieram dois senhores desta terra a ver-nos (...). E um deles trazia uma touca posta na cabeça, com uns vivos lavrados de seda; e o outro trazia uma carapuça de cetim verde. Isso mesmo vinha em sua companhia um mancebo que, segundo acenavam, era de outra terra daí longe; e dizia que já vira navios grandes, como aqueles que nós levávamos, com os quais sinais nós folgávamos muito porque nos parecia que nos íamos chegando para onde desejávamos. (...)

E nós estivemos neste rio trinta e dois dias, em os quais tomámos água, e limpámos os navios e corregeram ao Rafael o mastro. E aqui nos adoeceram muitos homens, que lhes inchavam os pés e as mãos, e lhes cresciam as gengivas tanto sobre os dentes que os homens não podiam comer.
E aqui pusemos um padrão, ao qual puseram nome: o padrão de São Rafael, e isto porque ele o levava; e ao rio: dos Bons Sinais.

Daqui nos partimos um sábado, que eram 24 dias do mês de Fevereiro; (...)»



* Almadias - canoas feitas de troncos de árvores escavadas por dentro.
                      Aprendi a andar de almadia sozinho tinha 8 anos. Em Pebane


Os macuas do litoral, no delta do rio dos Bons Sinais, tornaram-se conhecidos por Chuabos, “gente do forte”, por ter sido ali erigido o forte de Santa Cruz durante o governo do general D. Estêvão de Ataíde (1610-1613) na ponta sul da barra, a dos Cavalos-marinhos. 



O rio ainda hoje se chama assim...


  (Nome original deste rio: “Qua Qua”)




Na sequência de ordens régias de 1761, em 6 de Julho 1763, foi instituída a Camara Municipal e a povoação foi elevada a Vila, conservando o nome de S. Martinho de Quelimane.
























Igreja de Nª Sª do Livramento, hoje uma lamentável quase ruína, foi mandada reconstruir (a original tinha sido paroquiada pelos Jesuitas) pelo governador e capitão-general Baltazar Pereira do Lago em 1776, mas só foi concluída em 1786 por António de Melo e Castro.


Um texto de Eugénia Rodrigues   





O testemunho de Luís Vaz de Camões:




"E foi, que estando já da costa perto,
onde as praias e vales bem se viam,
num rio, que ali sai ao mar aberto,
batéis à vela entravam e saiam.


Muito aqui nos alegrámos com as gentes,
e com as novas muito mais;
pelos sinais que neste rio achámos,
o nome lhe ficou dos Bons Sinais.












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