O Navio Escola Sagres
Brasão da Sagres |
Foto do site "Restos de Colecção" |
A primeira Sagres era uma corveta mista com casco em
madeira, construída em Inglaterra nos estaleiros de Messrs. Young, Son and
Magnay, Limehouse, em 1858. Armava em galera e, fundeada no rio Douro, serviu
como navio-escola até 1898.
A Sagres II foi lançada à água em Bremerhaven, em 1896, com o nome “Rickmer Rickmers”. Em 1916, quando a Alemanha declarou guerra a Portugal, este veleiro encontrava-se nos Açores, tendo sido então arrestado. Baptizado com o nome “Flores”, foi colocado à disposição dos ingleses, que o usaram como transporte. Em 1924, terminada a sua utilização como navio mercante, foi devolvido a Portugal e incorporado na Marinha Portuguesa como navio-escola e com o nome Sagres
A Sagres II foi lançada à água em Bremerhaven, em 1896, com o nome “Rickmer Rickmers”. Em 1916, quando a Alemanha declarou guerra a Portugal, este veleiro encontrava-se nos Açores, tendo sido então arrestado. Baptizado com o nome “Flores”, foi colocado à disposição dos ingleses, que o usaram como transporte. Em 1924, terminada a sua utilização como navio mercante, foi devolvido a Portugal e incorporado na Marinha Portuguesa como navio-escola e com o nome Sagres
Foto do site Vortexmag |
O actual N.E. Sagres, o 3º com esse nome. originalmente alemão, foi encomendado aos estaleiros
Blohm & Voss de Hamburgo no dia 2 de Dezembro de 1936 e a sua construção
terminou no dia 15 de Julho de 1937.
Foi lançado à água a 30 de Outubro de
1937, tendo recebido o nome de "Albert Leo Schlageter".
Lançamento à água do "Albert Leo Schlageter" |
Foi o terceiro de uma série de quatro navios construídos para a marinha alemã, Kriegsmarine, além do Gorch Fock 1933, Horst Wessel (1936) atual “Eagle” da United States Coast Guard.
Quem foi Albert Leo Schlageter ?
Durante a ocupação do Ruhr pela França para garantir os
pagamentos de reparação de guerra em 1923, Schlageter liderou uma patrulha de
combate paramilitar "Schwarze Reichswehr" (Exércitos Negros), que
tentou resistir à ocupação das forças francesas por meio de sabotagem. Alguns comboios
foram descarrilados com o objectivo de impedir o abastecimento das tropas
francesas, chegando até a explodir um viaduto.
Em 7 de Abril de 1923 Schlageter foi traído, possivelmente,
pelos seus próprios camaradas de patente e combate, sendo preso e julgado por um tribunal
marcial francês em 7 de Maio de 1923, sob a acusação de sabotagem.
Foi condenado à morte, sendo executada a sentença na manhã do dia 26 de Maio do mesmo ano, numa mata próxima a Dusseldorfe.
Foi condenado à morte, sendo executada a sentença na manhã do dia 26 de Maio do mesmo ano, numa mata próxima a Dusseldorfe.
Após 1933, Schlageter tornou-se um dos principais e mais explorados
heróis do regime Nazi.
Em 1938/39 o navio "Albert Leo Schlageter" efectuou
algumas viagens de instrução, onde se destaca uma viagem às Caraíbas. Esteve
então parado até ao início de 1944, altura em que foram reactivados os navios
de treino devido ao facto de se constatar que os cadetes, apesar de bem preparados
tecnicamente, tinham uma deficiente preparação naval.
No dia 14 de Novembro de 1944, no decorrer de uma viagem de
instrução no Báltico, com mau tempo, o navio embateu numa mina tendo danificado
seriamente a proa e colocando em risco de vida toda a guarnição.
Em 1945 foi capturado em Bremerhaven pelas forças americanas
Aquando da partilha dos despojos pelos vencedores, o "Horst
Wessel" (atual “Eagle” da United States Coast Guard) e o "Albert Leo Schlageter"
couberam aos Estados Unidos. No entanto, apesar dos esforços do Comandante
americano da Base Naval de Bremerhaven, não foi possível encontrar, nos Estados
Unidos, uma instituição que quisesse ficar com o Leo.
O "Guanabara" |
Acabou por ser cedido em 1948 à Marinha do Brasil, com o intuito de fazer face aos danos causados pelos submarinos alemães aos seus navios, durante a guerra.
Foi vendido pelo preço simbólico de 5000 dólares, tendo o
seu reboque para o Rio de Janeiro, onde chegou a 6 de Agosto, custado outro
tanto. A 27 de Outubro desse mesmo ano, com o nome “Guanabara”, foi incorporado
na marinha brasileira.
Como navio-escola efectuou, regularmente, várias viagens
de instrução ao longo da costa brasileira.
A 21 de Julho de 1959, o Guanabara concluiu a sua derradeira
viagem ao serviço da Marinha do Brasil.
No dia 30 de Novembro de 1960, considerado insuficiente para
satisfazer as necessidades de instrução e treino, foi formalmente abatido ao
efectivo e desarmado. Nele foi instalado
o comando da Flotilha de Patrulheiros.
Dois anos depois da sua paragem, o governo português logrou
adquirir o Guanabara, muito se ficando a dever este êxito à acção empenhada do
Dr. Pedro Teotónio Pereira, na altura Ministro da Presidência.
O contrato de venda do navio foi assinado no Rio de Janeiro,
pelo valor de 150.000 dólares, a 10 de Outubro de 1961, data em que pela última
vez foi arriada a bandeira do Brasil.
Foto do site Vortexmag |
O Navio Escola “Sagres”, foi aumentado ao efectivo da marinha portuguesa a 8 de Fevereiro de 1962 (por portaria nº 18997) em cerimónia realizada no Rio de Janeiro quando foi içada oficialmente pela primeira vez a bandeira portuguesa. No dia 25 de Abril largou do Brasil e chegou a Lisboa a 23 de Junho.
A continuidade de um navio-escola na marinha portuguesa teve como
principal objectivo assegurar a formação naval dos cadetes por forma a
complementar a instrução técnica e académica ministrada na Escola Naval.
Desde 1962 o N.E. “Sagres” efectuou todos os anos viagens de
instrução, excepto em 1987 e 1991, devido a paragens relacionadas com a sua
modernização. Aliás, foi em 1991 que o motor original foi substituído e montado
a bordo um dessalinizador. Este facto, a par do ar condicionado montado em
1993, muito contribuiu para a melhoria das condições de habitabilidade.
Para além das viagens de instrução, o N.E. “Sagres” tem como missão a representação de Portugal, e da marinha portuguesa, funcionando como embaixada itinerante.
Para além das viagens de instrução, o N.E. “Sagres” tem como missão a representação de Portugal, e da marinha portuguesa, funcionando como embaixada itinerante.
A Sagres-em Mar del Plata, Argentina |
Cumprindo as suas missões o N.E. “Sagres” já efectuou 3 voltas ao Mundo. As duas primeiras, em 1978/79 e 1983/84 além de outras viagens de duração superior a oito meses. Nas duas primeiras voltas ao mundo efectuadas, o navio passou o canal do Panamá, bem como na viagem em que participou na Regata Colombo, em 1992. Em 1993 passou o cabo da Boa Esperança, fez escala em Cape Town, na África do Sul, e visitou o Japão pela terceira vez.
A 4 de Julho de 1984 foi feito Membro-Honorário da Ordem do
Infante D. Henrique.
Em 19 de Janeiro de 2010 partiu para a terceira volta ao
mundo.
No total, a viagem teve uma duração aproximada de 339
dias, dos quais 71 por cento a navegar e 29 por cento nos portos. O navio passou
por 28 cidades costeiras, de 19 países diferentes.
Foto do site Vortexmag |
Regressou a Lisboa da terceira volta ao mundo no dia 23 de Dezembro de 2010, após uma viagem que durou cerca de 11 meses. Durante esta terceira viagem, percorreu 40.000 milhas e navegou durante 5.500 horas. Foi também visitado por cerca de 300.000 pessoas. Além das circum-navegações a Sagres III participou na Regata Colombo (1992), nas comemorações dos 450 anos da chegada dos Portugueses ao Japão (1993) e ainda nas celebrações por ocasião dos 500 anos da Descoberta do Brasil (2000).
A Sagres em Sagres, foto da Marinha |
A 12 de Março de 2012 foi feito Membro-Honorário da Ordem
Militar de Cristo.
A Cruz de Cristo é o ex-libris do NRP "Sagres".
Esta foi pela primeira vez utilizada nas velas dos navios da armada de Pedro Álvares Cabral, embora a sua origem seja bem mais remota. A cruz vermelha de hastes simétricas, vazada ao centro,
era o símbolo da Ordem Militar de Cristo, fundada por D. Dinis em 1317, na sequência da extinção da Ordem dos Templários.
Esta foi pela primeira vez utilizada nas velas dos navios da armada de Pedro Álvares Cabral, embora a sua origem seja bem mais remota. A cruz vermelha de hastes simétricas, vazada ao centro,
era o símbolo da Ordem Militar de Cristo, fundada por D. Dinis em 1317, na sequência da extinção da Ordem dos Templários.
O Infante D. Henrique, figura de proa do NRP "Sagres", foi o terceiro filho do rei D. João I e nasceu no Porto a 4 de Março de 1394, tendo-se constituído, ao longo da sua vida, como o grande impulsionador da Expansão e dos Descobrimentos Portugueses.
Com uma postura pragmática e calculista, criou as bases para
a expansão marítima que iniciou e que pôde, após a sua morte, ser continuada.
Os resultados dessas navegações foram extraordinários
para
Portugal e para o mundo.
Moeda comemorativa dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique
A sua divisa, "talant de bien faire" é, nos nossos dias, o lema que sublinha o brasão de armas da Escola Naval, instituição centenária, onde ainda hoje o espírito e os princípios do infante se mantêm como referência na formação técnica e humana dos futuros oficiais da Marinha Portuguesa.
Características gerais:
Tipo de navio: Veleiro, navio-escola
Deslocamento: 1 940 t
Comprimento 89 m
Boca: 12 m
Calado: 6,2 m
Propulsão: Velas e
dois motores MTU 12V 183 TE92 com um veio (eixo)
Velocidade: 10,5 kn
(19,5 km/h)
Autonomia: 5 450
m.n. (10 100 km) a 7,5 kn (13,9 km/h)
Tripulação: 9
oficiais, 16 sargentos, 114 praças e 63 cadetes
Este artigo é uma compilação e adaptação de textos com as seguintes origens
Marinha Portuguesa
http://www.marinha.pt/pt-pt/meios-operacoes/armada/navios/veleiros/Paginas/NRP-Sagres.aspx
http://praiaemdirecto.com:8080/praia2014/main.html
http://www.vortexmag.net/o-navio-mais-bonito-do-mundo-e-portugues/
http://www.av.it.pt/aveirocidade/pt/barcos/barcos17.16.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/NRP_Sagres_III
http://sagres.marinha.pt/PT/onavio/Paginas/Hist%C3%B3ria.aspx
http://www.executedtoday.com/2008/05/26/1923-albert-leo-schlageter-nazi-martyr/
(Actualizada em 16 de Agosto de 2018)
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