5ª (e última) Parte
Ida para o exilio
Zé do Telhado partiu, desterrado para Angola,
em finais de 1861, no Brigue “Pedro Nunes”.
O Brigue, uma embarcação à vela com 2 mastros com mastaréus de gávea e velas quadrangulares, havia sido construído no Arsenal de Marinha e lançado à água em Junho de 1856.
Foi seu primeiro comandante (1857) ainda antes
dos seus 20 anos, com o posto de Capitão de Fragata,
o Príncipe Real D. Luis, então Duque do Porto,
Em 1871 o navio foi desarmado e em 1874, mandado vender.
Na hora da partida, imagine-se o que foi para José do Telhado ver, da amurada daquele navio que o apartava da vida, Lisboa a afastar-se... diluindo no espaço e no tempo também, a imagem da família que criara com tanto amor e que jamais, jamais, voltaria a ver.
Morrer, por vezes chega mais cedo do que a própria Morte.
E ele sentia-o em todo o seu ser.
Algo se afastava dele, irremediavelmente.
Até nada mais ver senão o mar que tudo apagava.
Agora já nada havia na sua vida.
Era como começar a viver de novo.
Renascer, mas num corpo sofrido.
Reencarnado, num penedo de dor e tristeza, sem remédio...
Até que a noite chegou.
E ele ainda ali estava, imóvel, a olhar para o Infinito e a ver só mar.
Agora, sim. Já nada restava do seu passado.
Mas, mas…José do Telhado jamais conseguiria fugir à sua sina de homem activo, no bem e no menos bem.
Como em toda a sua vida, fez-se notar e de que maneira! naquela longa viagem.
Vamos espreitar...
Começou por cativar toda a guarnição do navio. O seu modo de ser, extrovertido e sempre disponível para a acção, levaram a que toda a marinhagem, oficiais e menos graduados, o tratassem quase como um deles, um camarada!
Foi de tal modo cativante, colaborante, corajoso em várias acções inesperadas, que o próprio comandante do brigue lhe prometeu dar conta disso tudo ao Governador-Geral de Angola, à chegada a Luanda, de modo que talvez se lhe pudesse aliviar o termo do degredo a que fora condenado.
Entre outros episódios, aconteceu que, em pleno alto mar, se cruzaram um dia com o navio “Venturosa” que acabava de ser pasto de chamas. Todo o navio ardia!
Nem todos os passageiros puderam ser salvos nos poucos escaleres que se conseguiu lançar ao mar no “Venturosa”.
José do Telhado oferece-se para ir a bordo tentar salvar mais alguém do fogo que engolia todo o navio.
Chegado num bote salva-vidas ao navio que ardia furiosamente, trepa lestamente por um cabo. Mas ao saltar para o convés do "Ventorosa", dá com o inferno na Terra. Chamas como nunca vira e que o engoliriam segundos depois, se não fugisse, de imediato!
Ao recuar, envolto em espesso fumo preto que já não o deixava respirar nem ver nada, vai de encontro ao que percebe ser um corpo humano, caído no convés, prestes a ser pasto das chamas.
Instintivamente o agarra, eleva-o á altura da cabeça, já sem poder respirar pelo fogo e o muito fumo e atira-o ao mar, enquanto salta também do navio em busca do corpo que o precedia uns metros mais abaixo.
Assim foi salva uma jovem de nome Maria das Dores, que viajava, de uma das Colónias portuguesas em África, para Lisboa.
O Comandante do Brigue "Pedro Nunes" decidiu que todos os passageiros salvos do navio destruído pelo fogo, seriam deixadas na próxima escala do brigue, em S. Tomé.
Tomariam depois o primeiro navio de passageiros ali a aportar rumo a Lisboa. Que era o destino do desafortunado “Venturosa”.
Continuada a viagem, o brigue, ao aproximar-se do golfo da Guiné, sofre o assalto de violento temporal, um autêntico tornado!
O pobre brigue “Pedro Nunes” debate-se furiosamente com a força do vento e a fortíssima ondulação.
Para complicar as coisas, um ilustre passageiro, destemido mas incauto, resolve ir á amurada ver a revolta desabrida dos elementos. Era o Governador de Benguela.
Num momento de desatenção está prestes a baldear do navio ao mar, quando José do Telhado, sempre ele, atento, com mãos de aço, o fila com toda a força e o mete com um forte empurrão dentro do navio, de novo em segurança, salvando-lhe a vida.
Poucos dias depois, já perto de S. Tomé a jovem Maria das Dores, que de todo não queria ser deixada naquele arquipélago, mas fazer meia-volta e seguir viagem para Luanda, (atrás de José do Telhado...) em desespero, resolve atirar-se ao mar!
De novo… José do Telhado entra em acção, como que antecipando um futuro Super Homem...
E aqui entra a lenda... que, sempre e tanto, reveste a aura do nosso biografado.
Num texto, de que não conheço a origem, transcrevo o que consta que depois sucedeu:
«José do Telhado (...), num arremesso veloz como um projéctil ao sair da boca dum canhão, lançou-se à vaga. Magnífico nadador, não demorou muito a voltar à superfície trazendo segura pela cintura a tresloucada rapariga. Mas eis que surge um tubarão. (...) Num esforço sobre-humano elevou com o seu pulso de ferro o corpo da rapariga até à altura dos dentes, aferrou-a com os caninos e queixais e, tendo já as duas mãos livres, principiou a içar-se exactamente no momento em que o ignominioso animal se preparava para, com as suas sete ordens de incisivos, levar pelo menos uma parte da cobiçada tomadia, quando não a pudesse levar toda»
E fico-me por aqui porque já dá para perceber tudo o que andou á volta de tão fantástica viagem…
Exilio em Angola
Á sua chegada a Luanda, deu entrada, como previsto, no Depósito de Degredados, na Fortaleza de S. Miguel.
Luanda em 1883 |
Por essa altura havia em Angola revoltas entre os indígenas, facto que levou o Comandante da Fortaleza, conhecedor do passado militar de José do Telhado, a atribuição da condecoração da Torre e Espada e tantos actos de bravura de que dera inúmeras provas, o seu comportamento durante a recente viagem, a pedir-lhe que se alistasse nas suas tropas.
José Teixeira da Silva teria de chefiar os mais de cem degredados que seriam obrigados a integrar as fileiras do major Coelho Borges numa expedição ao Bembe com o objectivo de meter na ordem angolanos que se haviam revoltado.
Aceitou, e partiu para o Ambriz, onde se destacou em várias campanhas militares, durante o ano de 1862.
As febres, porém, fizeram com que tivesse de voltar a Luanda, onde o Governador-Geral lhe comunicou que iria propor ao Rei a comutação da sua pena, como reconhecimento pelos seus actos no mato daquela Província Ultramarina.
Entretanto faz novo acto heroico quando num paiol de armamento deflagra um incêndio, e que graças à sua corajosa actuação termina sem consequências de maior gravidade.
Mas quando Zé do Telhado se encontrava em Benguela, em nova missão militar, a mudança de Governador-Geral alterou de novo a vida ao degredado.
Sebastião Lopes de Calheiros e Meneses, foi um dos dois Governadores de Angola deste período da vida de José do Telhado.
A missão em Benguela foi cancelada, sendo ele intimado a regressar novamente ao Depósito de Degredados, na Fortaleza de S. Miguel, em Luanda.
É então que decide internar-se no mato.
Não concebe viver mais como um simples prisioneiro. Quer viver a sua vida. Livre!
E deserta, preferindo viver em liberdade no meio dos angolanos com quem se entendia bem e por eles era estimado.
Liberta-se, definitivamente, do jugo da Autoridade e volta a viver a vida plena, esfuziante, de homem livre, que ele sempre fora. Praticamente sem outras leis que não as da harmonia entre gente que só vivia bem no meio de quem quisesse viver sem molestar o próximo e de, inclusivamente, ajudá-lo nos seus momentos de aflição.
Mas não respeitava ninguém que não respeitasse o seu semelhante. E quando isso acontecia, estava o caldo entronado.
A vida e a morte em Xissa
Não se sabe bem como, mas acabou por ir viver para a pequena aldeia de Xissa, a 450 quilómetros de Luanda, a cerca de seis horas de viagem de carro e a cerca de uma centena de quilómetros de Malange, a caminho do leste do país, na terra natal de Bandy, um angolano que foi, a partir desse dia, seu inseparável companheiro.
Em Xissa passou a dedicar-se ao comércio da borracha, cera e marfim, vivendo com uma angolana, de nome Conceição, de quem viria a ter três filhos.
Viveu financeiramente desafogado.
Simultaneamente fez valer a soberania portuguesa, impondo a bandeira de Portugal até ás terras do Congo.
Acabou com o canibalismo por onde andou.
Evitou o envenenamento de rios.
Venceu inúmeras superstições a que pôs fim.
Fez frente a sobas rebeldes que o quiseram comprar com mulheres virgens, escravas, terras, povoações, gado, armas, ouro, etc., etc. Tudo recusou!
Cresceu-lhe a barba, até ao umbigo.
Era, para os angolanos, o quimuêzo, “homem de barbas grandes”.
Nunca esqueceu, porém, a mulher e os filhos que deixara na sua casa de Sobreira, em Caíde, uma vez que lhes mandava regularmente dinheiro. O dinheiro que mandava é que poucas vezes terá chegado (se é que alguma vez chegou). Daí a miséria da sua família, de que provavelmente nunca terá tido conhecimento.
Aqui, Zé do Telhado acaba por construir uma vida nova, como que renascido de um pesadelo que lhe matara uma outra vida.
De tal modo o fez que ficou na memória daquele povo por ajudar os pobres, como era da sua índole e por ser um homem afável, amigo de todos e por todos muito considerado.
Leva muitos à conversão à religião católica e ao baptismo.
Vivia em Xissa perfeitamente integrado entre a população da aldeia.
Era só mais um. Caça com eles, troca bens entre quem quer negociar as suas coisas com outros e dedica-se ao lucrativo comércio de gado e de marfim.
Maria das Dores, colara-se a ele desde o salvamento no alto mar e depois em S. Tomé.
Ele não lhe tocava. Adorava o convívio com as mulheres comuns da aldeia que o quisessem receber, sem nunca entrar em conflito com ninguém. E só com elas dormia.
O negócio do comércio expande-se e ele tem de se deslocar cada vez mais longe de Xissa. Algumas viagens demoram meses.
Chegou mesmo a estar em Moçambique.
Nos sítios onde sabia haver europeus, que não estava para aturar (e que sabia que o convívio podia acabar mal) evitava passar de dia. Passava quando todos dormiam, ou não ia lá, ou passava até disfarçado, irreconhecível. Sempre livre.
Os negócios enriqueceram-no.
Em data incerta, mas no ano de 1871, Zé do Telhado, que conhecia o capitão-de-fragata Emílio Magalhães Roxo de Almeida, entregou-lhe, uma carta dirigida a Camilo, em que ressalta a grande amizade que entre ambos se desenvolvera, tratando até Camilo por “meu bom amigo”, lembrando a “a amizade sincera que nos nutrimos de modo recíproco”.
Descreve nessa carta a sua vida em Malange, onde dizia ter casado de novo com uma angolana e acabara por gerar uma nova família. Infelizmente num degredo perpétuo, “que me tem sido agradável, tanto quanto é possível.”
E acaba a carta despedindo-se de Camilo Castelo Branco com a seguinte frase, que demonstra a admiração e grande amizade que nutria pelo escritor, companheiro, durante um ano, de cárcere:
- “Do seu devotado e eterno admirador e kamba ria muxima”.
A frase, escrita em Kimbundu, língua falada no noroeste de Angola, significa: “amigo do coração”.
Para sempre ao dispor,
José Teixeira da Silva”
Maria das Dores, quando se apercebeu que jamais poderia partilhar um leito com ele, não teve outro remédio senão deixá-lo. Partiu. E perdeu-se-lhe o rasto.
Em 1863 houve um indulto régio com o intuito de beneficiar todos os portugueses, todos, vítimas de tantos anos de instabilidade e guerra civil.
Alguém, não sabemos quem, (poderá ter sido Ana Leontina, D. Ana Vitória ou outra pessoa qualquer) lembrou-se do degredado José do Telhado e requereu que também lhe fossem aplicados os termos desse indulto.
Um acórdão do Tribunal da Relação do Porto acabaria por dar provimento ao requerimento feito ao Procurador Régio, em 2 de Agosto de 1865.
Nesse acórdão, datado de 11 de Agosto, declarava-se “aplicável ao Réu José Teixeira da Silva, vulgo José do Telhado, (…) a disposição do art.º 5 do Decreto de 28 de Abril de 1863, que lhe comuta a sobredita pena na de quinze anos de degredo para a África Ocidental a contar desde a data do sobredito Decreto”, a partir de 28 de Setembro de 1863.
Zé do Telhado poderia, pois, regressar à Pátria em finais de Abril de 1878.
A morte
Mas isso nunca chegaria a acontecer porque José do Telhado acabou por morrer, provavelmente de varíola, três anos antes, em Xissa, onde vivia, município de Mucari-Caculama, em 1875, com 57 anos de idade.
"Aqui jaz o José do Telhado falecido em 1895"
Nota: José do Telhado morreu em 1875 e não em 1895
Mais tarde cobriram-lhe a campa |
A campa onde foi sepultado, cuidadosamente preservada pela população local, acabou transformada, ao longo do tempo, num pequeno mausoléu.
Inicialmente, tinha um telhado que foi recentemente substituído por uma boa estrutura. Tem 6 colunas e um pequeno muro envolvente.
É regularmente visitado, tanto por portugueses curiosos, como por agradecidos angolanos, que o não esquecem.
Homenagem recente no tumulo de José do Telhado na aldeia de Xissa |
Ver aqui o vídeo desta homenagem:
"Foi boa pessoa, amigo dos pretos. Era amigo de todos, não era mau", explica à Lusa António Sona, Soba de Xissa.
Aos 84 anos, o soba de Xissa ainda tem bem presente as histórias contadas pelo pai e pelo avô sobre o "barbudo", como também era conhecido Zé do Telhado, que chegou ali como "comandante da tropa portuguesa", vindo de Cabinda,
A importância do "bandido bom" português, para Xissa, é tal que as autoridades provinciais autorizaram recentemente a mudança do nome da Escola Primária e do Posto Médico.
A escola com o nome original |
Vão passar a ostentar a designação de "José do Telhado", tal como a campa, ali perto.
Munido de um papel com a história do português - que já foi manuscrito e que alguém passou à máquina, o Soba António Sona explica que José do Telhado sucumbiu a um furúnculo kuingongo - doença local, ou, possivelmente varíola -, desfecho que nem as duas semanas de tratamento com medicamentos tradicionais, levados pelo povo, conseguiram evitar.
"Foi comandante de tropa, veio conhecer a área e depois morreu aqui", conta o soba de Xissa, recorrendo igualmente às histórias contadas pelos “mais-velhos” da aldeia.
Hoje, o mausoléu é o ponto mais importante da aldeia, local de visita constante, de "alguns portugueses chegados de Luanda" e de angolanos de vários pontos de Malanje e outras províncias por onde passou.
O próprio Governo Provincial de Malanje, conta o soba, verifica regularmente o estado de conservação daquele local, a poucas dezenas de metros da estrada principal, escondido entre o capim.
A lenda, portuguesa, terá tido continuidade em Angola, a fazer fé nas palavras também de Pai Valemos Carlos, angolano de 39 anos, morador em Xissa, que as ouviu dos antepassados:
- "Este senhorinho, conta-nos, foi humilde com os negros, é verdade. Por isso a história do senhor José do Telhado nunca parou, até a nossa escola ficou com o nome dele".
Reza a história local, acrescenta ainda, que o português ficou conhecido por ser também "amigo dos mais jovens da terra", daí o cuidado que ainda hoje existe com o mausoléu, que resistiu igualmente a décadas de guerra-civil angolana.
"Temos vindo sempre à campa. É um orgulho para a aldeia, um ponto histórico", atira Pai Valemos Carlos.
Ainda hoje, se faz romagem à campa do mito. Jovens e velhos têm pouco para fazer em Xissa, mas cumprem religiosamente uma tarefa centenária:
- tratar da campa do "Zé do Telhado".
A notícia da sua morte foi dada em Portugal pelo Diário de Notícias na edição de 16 de Setembro de 1875.
Nela dizia-se:
- “José do Telhado, o célebre bandido que agora faleceu, tinha rasgos de virtude e generosidade no meio do crime…”.
A vida de Zé do Telhado deu origem a muita literatura, tanto erudita como popular.
Com especial referência ao livro “Memórias do Cárcere”, escrito por Camilo Castelo Branco, no capítulo sobre a sua vida, convívio e amizade entre dois encarcerados, como eles foram ali.
Sobre a sua vida realizaram-se também três filmes:
- O de Rino Lupo, em 1929, com interpretação de Carlos Azedo.
- E os de Armando de Miranda, de 1945 e de 1949 – o último intitulado “A volta do Zé do Telhado” – ambos com Virgílio Teixeira como protagonista.
Vergílio Teixeira |
Cartaz do filme |
Subiu à cena uma peça de teatro de Hélder Costa, pela companhia A Barraca, em 1978. Os arranjos musicais desta peça eram de Zeca Afonso. Foram publicados, no ano seguinte, no álbum Fura, Fura. A peça tem sido representada, por várias companhias, um pouco por toda a parte, contribuindo decisivamente para que continue a perpetuar-se o mito do Robin Hood português.
Assim acabou os seus dias este homem, agraciado com a mais valiosa Condecoração Nacional.
Salvador da vida, 30 anos antes, ao General Marquês de Sá da Bandeira, Setembrista, liberal radical apoiante da restauração da Constituição de 1822.
A Constituição que, mercê do seu elevado valor democrático, teve agora, neste ano de 2022, honras de bicentenário na Assembleia da República.
A Torre e Espada, mereceu-a em combate feroz contra o Visconde de Vinhais, Brigadeiro Simão da Costa Pessoa, castrista, fiel à coroa, nos arredores de Valpaços, no dia 16 de Novembro de 1846.
Nesse dia recebeu-a José do Telhado, da mão trémula do muito emocionado Marquês de Sá da Bandeira, que a tirou do seu próprio peito, pois a trazia sempre posta, com enorme orgulho.
Salvou a vida ao Governador de Benguela, durante uma tempestade em alto mar, no brigue "Pedro Nunes".
O Município de Penafiel mostrou interesse em reconstruir a casa de José do Telhado e transformá.la num museu
Vejam aqui o vídeo sobre este acontecimento.
José do Telhado,
um grande e bom homem,
mas nem sempre feliz nas escolhas de vida que fez
ou foi obrigado a fazer.
Para voltar ao índice dos 5 capítulos que
compõem esta história, clique aqui.