1974. 25 de Abril. Foi a
altura escolhida pelo destino para eu estar a meio das teóricas do curso de
Boeing B 747, na TAP.
Logo a seguir fiz o Simulador, em Seattle. 9 fusos horários para trás. E como havia que poupar (porque é que me há-de calhar sempre a mim…) o Simulador começava sempre entre a meia-noite e as 4 da manhã, de Seattle. Só acertei as agulhas em pleno Atlântico, no voo de regresso.
B 747 |
Logo a seguir fiz o Simulador, em Seattle. 9 fusos horários para trás. E como havia que poupar (porque é que me há-de calhar sempre a mim…) o Simulador começava sempre entre a meia-noite e as 4 da manhã, de Seattle. Só acertei as agulhas em pleno Atlântico, no voo de regresso.
O Simulador em que fiz o curso do B 747 |
Seguem-se os voos base
(onde tive a sorte de fazer o 1º borrego automático da TAP, CS-TJC) e
imediatamente os voos de linha. E foi logo no voo de largada que me havia de
calhar pela primeira vez, na TAP, o Comandante Maya!
Comandantes Maya, Mano e Marcelino. Tive a honra de ter sido Co-Piloto dos Capts Maya e Marcelino, no B 747 |
É preciso ter azar…
A minha pequenez cabia num
dedal mas eu tinha de ser largado dentro do tempo regulamentar, custasse o que
custasse.
Não correu mal… Mal foi
haver quem massacrasse o “velho” Maya com a política. Quem estivesse
constantemente a atirar-lhe à cara coisas que não tinham cabimento nenhum, não
só por ser no local de trabalho, em voo, mas principalmente porque se misturava
a ditadura que havia fanecido com atitudes que os mais velhos tinham
forçosamente que tomar para poder sobreviver, naqueles conturbados tempos e sem
que se lhes conhecesse qualquer acto que tivesse prejudicado alguém por motivos
políticos ou a coberto daquela mesquinha política.
Fez-me pena ver e ouvir um
homem que eu respeitava, que era uma lenda, com peso técnico mas de carácter
também, em desespero dizer que já não podia mais e tinha de tomar um comprimido
para acalmar! Num voo Lisboa, Luanda, Joanesburgo, Luanda, Lisboa…
E foi precisamente na
aterragem em Lisboa, que me calhou fazer, num estado semelhante ao de um cantor
de Festival da Canção frente ao Pavaroti, que eu vi a minha vida a andar para
trás…
O senhor Comandante Maya
resolveu fazer uma das dele e brifou toda a gente para o que se ia seguir.
- Tu continuas a aproximação
e aterras normalmente e não ligues aos avisos. Tu fazes isto, tu fazes aquilo
e eu tomo notas, a ver se a gente percebe como isto funciona.
E vai daí toda a gente se
entreteve a dar-me cabo da vida, sem me ligarem nenhuma: ora falhava isto ora
aquilo, soltavam-se bandeiras de cores variadas, apitava tudo quanto era
corneta, guizos e sininhos, eu sei lá!... e a pista mesmo ali, caraças!
Mas a aterragem foi boa e
eu fui largado!
E vi-me livre do “Fantasma”
que era para mim o Comandante Maya que passou então a ser um Senhor, desligado
das brumas da lenda que era até aí e que passei a ver com outros olhos, ainda
com mais respeito e admiração.
Tive a sorte de ter um
colega de curso, na TAP, em 1969, chamado Pedro e mais tarde um Co-Piloto, de
seu nome Henrique, hoje Comandante de barba rija, que fez o mais espantoso e
crítico borrego que já fiz, depois de estarem as rodas no chão, em Bogotá, num
A310 das Aerolíneas Argentinas, de que éramos, os três, tripulantes em 1994.
As minhas lides de Linha
Aérea estão, bem, cheias de Mayas.
Um abraço a todos os Mayas.
Olá meu bom amigo!
ResponderEliminarSó hoje vi este seu blog.
Que surpresa e belo presente, estas recordações que tanto me tocam, quer pela memória ao meu Pai quer pela amizade que as suas palavras expressam, relativamente ao meu irmão Pedro e a mim próprio.
Sabe - creio, que este forte abraço que lhe envio envio é também, uma manifestação de uma não menor e recíproca amizade.
Um grande abraço.
Henrique