Pedaços de Vida - Breve biografia do meu Pai




















O meu Pai, Álvaro Cavaleiro, nasceu a 1 de Agosto de 1902 na Freguesia do Bonfim, Concelho do Bairro Oriental, Porto.






Frequentou a 2ª classe do Liceu José Estevão de Aveiro no ano lectivo de 1914/1915.

Frequentou a 3ª classe do Liceu Passos Manuel em Lisboa no ano lectivo de 1915/1916.



Em 1920 o meu Avô Gabriel Cavaleiro, Major Médico, mandou o meu Pai, por falta de aproveitamento escolar, para a Guiné. Tinha ele 18 anos.




O meu Pai é o da direita




Trabalhou num Banco (Nacional Ultramarino ?) até entrar na Função Pública.

Por portaria de 11 de Junho de 1929, na Guiné, foi nomeado Fiscal ajudante da Organização Administrativa, tendo tomado posse no dia 29.

Por Portaria de 1 de Junho de 1931, transitou para a categoria de Chefe de Posto.

Nesta função trabalhou em diversas localidades, incluindo Bolama.

Esteve desde 15 de Dezembro a desempenhar as funções de Administrador de Circunscrição de Cacheu.




Nesse dia a minha Mãe foi ao Santuário do Monte Alto


















No dia 6 de Junho de 1940 casou, por procuração, com a minha Mãe, que estava em Arganil.























Eu nasci em Bissau no ano seguinte.




A 6 de Março de 1944 tomou posse do cargo de Secretário de Circunscrição.

Em 1945 regressa à Metrópole (Portugal Continental) no gozo de férias, em transito para Moçambique, onde foi colocado.

A minha irmã Lourdes, nesta altura com 12 anos, filha do meu Pai e de uma nativa guineense, vem connosco e nunca mais nos deixámos.

A minha irmã Teresa nasce em Arganil, em 1946.

Licença militar para ir para Moçambique passada em 3 Set de 1946. Naqueles tempos, com 42 anos, era preciso...

Ainda me lembro da viagem, de Lisboa a Lourenço Marques, com escala em tudo que era cidade costeira portuguesa, no vapor "Moçambique"

Como Secretário de Circunscrição, é colocado na Zambézia, na vila da Maganja da Costa.

O primeiro local em Moçambique onde vivemos.

Ali aprendi eu a ler, com 5 anos, numa escola onde só havia um branco, eu. O Professor, que não era branco, deixou-me assistir ás aulas como assistente. Obrigado senhor Professor, lá onde estiver.

O meu Pai era transferido regularmente, era a regra, de terra em terra.

Da Maganja da Costa passámos a Pebane, onde foi Administrador interino e onde nasceu o meu irmão mais novo, João Manuel.





   Os três irmãos mais velhos em Pebane
















Em Pebane fiz a 4ª classe, aprendi a andar de almadia (barco feito pelos locais em troncos de árvore escavados) e a nadar.





O meu Pai, enquanto eu vivia internado no Instituto Portugal em Lourenço Marques (por falta de estabelecimentos de ensino liceal na Zambézia) esteve colocado em vários sítios, como por exemplo o Gilé e o Gurué, a capital do chá.

Chá que era acondicionado em grandes caixas de madeira que eu vi anos mais tarde embarcar no porto de Quelimane com o rótulo “Made in England”.

Por Portaria de 7 de Setembro de 1959 foi promovido a Administrador de Circunscrição   de 3ª classe em Quelimane.

Capital da Zambézia, no centro de Moçambique, onde passa o Rio dos Bons Sinais que dá o nome a este blogue.



Na nossa casa de Quelimane



Aqui passei uma gloriosa juventude, dos 12 aos 16 anos, altura em que rumei à Beira e no ano seguinte a Lourenço Marques, porque o Colégio de Quelimane (não havia Liceu) só tinha ensino até ao 5º ano. Os exames eram feitos por professores de Liceu da Beira.







Em Maio de 1961 o meu Pai estava em Marrupa, no Niassa, no Norte de Moçambique.






Na altura em que começou o terrorismo.
Em Marrupa passei uns dias de férias antes de me alistar na Força Aérea.




Os meus Pais em Barberton, na África do Sul


O meu Pai foi Curator of Portuguese natives do Portuguese Institute of Labour. em Barberton, na África do Sul, desde Maio de 1963 a Fevereiro de 1967 (por causa dos muitos moçambicanos que trabalhavam nas minas de ouro).



Deixou-nos a 2 de Maio de 1968, em Lisboa, poucos meses depois de se reformar.



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Para um olhar mais completo da personalidade do meu Pai como homem e funcionário público nas Colónias/Províncias Ultramarinas portuguesas, leia aqui a homenagem que lhe presto.









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