A minha Força Aérea - De T-33 pela Europa fora até à Bélgica e volta


Quisemos dar dois nós aos Yankies. Demos um...


Decorria o ano de 1964 e 3 jovens alunos pilotos de T-33, na Base Aérea da Ota, embarcam numa grande aventura, a nossa primeira grande aventura aeronáutica: a travessia de meia Europa!

Instrutores: Tenente Vasquez, Comandante da Esquadra, Tenente Melo Correia e Alferes Luís Quintanilha, meu instrutor..


Alunos: da esq p a dta, eu, o Ary Meca Murraças e o Leite da Silva.
Estes aqui acima, em frente ao avião protagonista desta história.


Um T33
A viagem era da Ota a Chateauroux, uma Base Aérea Americana no centro da França e no dia seguinte partida para Beauvechain, na Bélgica, muito perto de Bruxelas. Pernoita e volta.

Duas horas e trinta e cinco minutos depois de descolarmos da Ota, eis-nos a aterrar em Chateauroux, a Sul de Le Mans.



A Brief Outline of Our History:


The history of Châteauroux-Centre Airport has always been closely linked to that of aviation and the aeronautical industry.



It was here that, in 1936, Marcel Dassault created his first aircraft manufacturing plant.

In 1951, in an agreement with the French government, the U.S. Air Force chose Châteauroux as the site for its biggest air base in Europe because of its favourable climatic conditions and central European location. That was when the airport became known as CHAD, an abbreviation of Châteauroux Air Depot, and CHAS, for Châteauroux Air Station








Châteauroux was the location of the first USAF unit to move to France. The initial contingent of USAF personnel arrived at Châteauroux on 10 January 1951 to get the facility up and operational as soon as possible. the 73rd Air Depot Wing was moved to Châteauroux from Kelly Air Force Base Texas in July. USAF reservists were being mobilized as part of theKorean War at the time, and about 1,500 personnel were mobilized and assigned to this depot wing. The wing began operations immediately as supply center for the new USAF bases in France, as considerable construction materials were required in their construction.



In 1951, in an agreement with the French government, the U.S. Air Force chose Châteauroux as the site for its biggest air base in Europe because of its favourable climatic conditions and central European location. That was when the airport became known as CHAD, an abbreviation of Châteauroux Air Depot, and CHAS, for Châteauroux Air Station.




F-86D Serial 52-4063
The Americans left the site in 1967, when the airport facilities were returned to French ownership. The regional Chamber of Commerce and Industry and local municipalities together invested in modernisation work and launched commercial activities at the airport in 1974.


In 1995, the airport came under the control of the General Council of the local Indre département (French equivalent of a county). Management of the airport was given to a joint public consortium made up of the Châteauroux district municipalities, the region's Chamber of Commerce and Industry and the town council of Coings. The length of the runway was extended to 3, 500 metres (11, 500 feet).                                                                                         Wikipedia
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Continuando a história...

Desenferrujadas as pernas, entregámos os nossos aviões à Manutenção yankee. Mas como eles eram americana e estávamos numa Base deles, o nosso Comandante de esquadra resolveu solucionar um antigo problema que um dos aviões tinha. Problema que a nossa Manutenção na Ota não podia resolver.

Um dos T-33 e só esse, estava equipado com o sistema TACAN. Um sistema de Navegação electrónico baseado num único instrumento que tornava o voo muito mais preciso, a navegação mais fiável.


Supondo que o avião no desenho, à direita, tinha de sobrevoar aquele ponto preto, por debaixo das nuvens, o TACAN indica que o avião (o triângulo branco) está à esquerda da rota planeada.

Ora esse instrumento recusava-se a funcionar…

Ninguém sabia porquê! Como ainda não tínhamos estações em terra com as emissões rádio capazes de o activar, não era possível ter uma noção exacta da avaria.

Sendo assim, o Tenente Vasquez, após a aterragem, queixou-se ao responsável americano da avaria no instrumento:

- Isto vinha a funcionar perfeitamente e de repente, puf! Avariou.
- Veja lá se descobre o que foi.

Feitas as despedidas fomos então recebidos por um enorme militar que nos deu as boas vindas. Com os nossos fatos de voo, o anti-G, as botas de voo preto reluzente, os capacetes com máscara e o ar de grandes aviadores que pretendíamos ser, facilmente nos confundíamos, nós os alunos, com os verdadeiros Aviadores que eram os nossos instrutores.

Só que éramos cabos milicianos e os instrutores oficiais da Academia Militar.

E numa Base Aérea Americana as coisas fiam muito fino… muito fino. Até chegarem os portugueses, claro!

- Hotel (militar) para os oficiais, disse o latagão yankee e estes…? Nós, os alunos.

- Estes? Estes também são oficiais! Somos todos oficiais, disse o Tenente Vasquez

E eu a pensar que o primeiro a ir dentro seria ele e não eu…

Viu-se no olhar de lince do grandalhão que aquilo não jogava muito bem. Mas… Também não devia conhecer muitos portugueses… e não teve outro remédio. Tudo para o Hotel militar dos oficiais.

Fui sempre assim tratado enquanto voei de anti-G. E depois disso também não tenho razões de queixa.

Foi a primeira vez que comi milho cozido a acompanhar carne assada. O acesso ao refeitório, ao único refeitório da Base, era feito pela ordem de chegada. No meio de uma longa fila podia ver-se o Comandante da Base atrás do soldado da limpeza e por aí fora sem regra nenhuma a não ser esperar pela sua vez, civilizadamente.

E não havia almoços grátis, como há na política. Todos pagavam o que comiam, como em qualquer restaurante. Só que o preço era fixo para cada tira de distintivo militar. Um soldado pagaria 3 dólares e o Comandante uns 10, por aí.

Tudo muito fluido, muito simples, sem confusões nem atropelos. E isto em 1964.

No dia seguinte, bem comidos e bem dormidos, briefing feito da viagem para Beauvechain, eis-nos prontos para mais um episódio desta nossa primeira grande aventura.

Aventura é aventura e todos os imprevistos são de esperar.

Especialmente aqueles que são mesmo imprevistos de todo.

Chegados aos aviões, o Americano chefe da manutenção de serviço aos nossos T-33, com cara de quem quer tirar nabos da púcara, dirige-se ao Tenente Vasquez e pergunta-lhe muito directamente:

- O senhor tem a certeza de que o TACAN vinha a trabalhar?

- Sim, sim! Vinha a trabalhar perfeitamente.

- Estranho… tinha a ficha da alimentação eléctrica ligada ao contrário!

O resto do voo decorreu sem problemas…




(Actualizada em 27 de Abril de 2014)






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