PEDAÇOS DE VIDA – Cor Mira God IV - 11 de Março de 1975

 


O 11 de Março de 1975


Caro Gabriel, na procura do documento "Programa do Movimento das Forças Armadas Portuguesas" encontrei este, 

"Textos Históricos da Revolução"

que se pode ler aqui

 Link:

https://www.marxists.org/portugues/tematica/livros/textos/04.htm

 

Sem querer até fui achar um artigo muito interessante, em que eles (comunas) dizem que este é o programa que foi feito para fachada, sabendo que a leitura subentende uma leitura mais progressista face ao conservadorismo do pessoal e do Spínola.

É o chamado engodo e depois a leitura que subentende, foi o de entregar Angola e Moçambique aos MPLA e Frelimo em detrimento de todos os outros, sem qualquer entendimento entre eles e deu no que deu, em que tiveram entre eles uma luta fratricida, mais cruel e mais longa (a meu ver creio que ainda hoje se lutam, bem patente em Angola), com a cobertura de uns canalhas chamados Rosa Coutinho, Costa Gomes, Otelo e quejandos.

Li há uns tempos um político, que entrou nos encontros em Argel, em que ele diz que ficou estupefacto pela maneira como o Melo Antunes e outros, estavam não a negociar, mas a entregar os territórios. Lendo o que diz o programa e o que foi feito, acho que não só é alta traição, como prejudicaram muitos Angolanos, Moçambicanos, Cabo Verdeanos e até Timorenses, para não falar de gente que foi para as Províncias Ultramarinas e desenvolveu aquelas terras.

Quem conhece África, sabe que a África dita Portuguesa era muito diferente do resto. Tenho episódios, quando estive na Namíbia, já bastante depois das independências, de Angolanos, que quando reconheciam que eu Português, tinham manifestações de amizade. Houve um que um dia me disse que gostaria que eu fosse a casa dele, e até disse que sabia que eu não iria. Um Domingo, fiz-lhe a surpresa e fui ao local que me indicou, e a alegria dele quando me viu, reuniu a família, e fez uma grande recepção de simpatia. quando entrei em casa, não me contive e as lágrimas afloraram-me. Na casa de jantar, estava um quadro grandito, com a bandeira de Portugal.

Há mais, quando estive a trabalhar para uma companhia Sul Africana, em Moçambique, a dada altura, estávamos no Xai Xai e tínhamos a Frelimo a proteger-nos. Eu era o único português, e a dada altura o comissário político, que acompanhava a operação, soube que eu era Português, e ainda fiquei um pouco receoso, quando se abeirou de mim e me perguntou se era Português, se tinha estado na guerra em Moçambique. Lá fui respondendo, ainda que um pouco desconfiado com tanta pergunta, mas disse-lhe que sim, em Mueda, no Niassa. O homem desfez-se em elogios aos Helis, e depois de termos estado a falar durante uns tempos, ficámos Amigos.

Quase o mesmo sucedeu em Angola, quando já muito depois da independência, fui a Luanda, para efectuar testes psicotécnicos aos candidatos a pilotos da Sonangol, que iriam fazer o curso em França, do qual eu fui director de curso e instrutor. Fui eu e o Simas, como director da Heli Union, e apesar de termos quartos reservados no hotel, fomos despejados, antes de entrarmos, porque ia haver um congresso do MPLA. A única saída, foi ficarmos em casa de um director da Sonangol, branco que ficou em Angola, adoptando a nacionalidade Angolana.

Tinha lá em casa à boa maneira colonial, um Angolano, todo vestido de branco, e descalço, como mandavam as boas regras coloniais. Estivemos lá aboletados uns dez dias, e o doutor sempre presente, e o empregado, sempre mudo e calado, muito subserviente. Até que um dia o doutor não estava presente e a múmia começou a falar, dizendo que tinha muita saudade dos Portugueses e abriu-se connosco.

Recordo esses momentos com emoção. O doutor, que fazia parte do gang do Nito Alves, passados uns anos veio de frosques de Angola.



O dia 10 de Março de 1975


E a confusa "matança da Pásqua"


Foi efectuado um pedido para um helicóptero ir ao AB1, onde estaria o Cor. António Quintanilha, para que ele fizesse as horas do semestre e como viria num AL-2, com duplo comando e um Instrutor, aproveitava para fazer o refrescamento. O heli só regressou ao fim do dia, sem o dito cujo, que mandou o recado para o Comandante do Grupo, Major Martins Rodrigues, que viria à noite a casa dele. 

Telefonei ao Martin, que vivia na Base e disse-lhe o que se estava a passar. O Martin, desconfiou logo que algo estaria a acontecer. E disse-me para ir após o jantar a casa dele, vivia na Base. E assim fiz. Estivemos a ver televisão, e por volta das 23:30 tocaram à porta. 





Apareceu o Cor. Pil  Av na reserva, Orlando Amaral, com um sujeito com barbas, disfarçado; era o General Spínola. 

Vinha o Maj. Pil. Av Zúquete da Fonseca, que era afilhado do Spínola e filho do Coronel do exército que foi morto na intentona de Beja em 1961. O Pai do Zúquete era do curso do Spínola e muito amigo. 

A partir daí, o Zúquete, esteve na Guiné como Comdt de Esquadra dos Helis, quando o Spínola era o Comandante em Chefe. Foi ajudante de campo quando o dito foi Presidente da República. Vinha, o que estranhei muito, o Gen. Pil. Av. Tavares Monteiro, que tinha sido saneado em 25 de Abril. Um Cor. Pil. Av. reformado, Durval, que tinha estado no gabinete do Kaúlza de Arriaga, quando Secretário de Estado da FAP. O Alpoim Calvão, mais o Rebordão de Brito, e outros fuzileiros que tinham estado na Guiné. 

Vinha muita gente e o Cor Amaral falou na matança da Páscoa, que o Spínola tinha inclusive estado a falar com o Gen Costa Gomes, são do mesmo curso do Colégio Militar, e que o Costa Gomes, lhe tinha dito que teria perdido o controlo das Forças Armadas (???????), e que tinha pedido ao Spínola para fazer algo. 



Vinha no meio de muita gente, o António Ramos, Cap. Paraquedista, e um Cor de Cavalaria, Xavier de Brito, este muito ligado ao Kaúlza. Era um dos do grupo que faziam guardas à noite ao Mário Soares, ele próprio se sentia ameaçado pelo PCP.










Recorda aqui o Comício do PS na Fonte Luminosa, em que o Soares era ameaçado pelo PCP. Se reparares tens aqui as sinergias que falei do 11 de Março. Os Spinolistas, os Direitistas Kaúlza de Arriaga e os patos Militares.



Eu estava ao fundo, á Direita     


Comentário meu: nesse dia do Comício do PS na Alameda D. Afonso Henriques, na Fonte Luminosa, 19 de Junho de 1975, vinha eu de uma casa que tinha alugado na Caparica, para férias da família, quando me vi impedido de passar a Ponte 25 de Abril para me apresentar na TAP para um voo qualquer que tinha. Eram comunas que tentavam impor a sua vontade contra a maioria silenciosa que só queria atravessar a Ponte porque tinha de o fazer. Eu, que não era socialista, jurei que ia estar na Manifestação! E estive! Foi o único comício partidário a que assisti até hoje…

Entre os Militares estavam o Carlos Simas, e mais alguns que confirmaram que havia outros movimentos em Lisboa. 

O Almeida Bruno, nos Comandos, o Regimento de Cavalaria de Estremoz, a Escola de Infantaria de Mafra e a GNR, teria gente. Na realidade só a GNR, prendeu o Gen. Pinto Ferreira, de resto os Comandos, muito divididos e muito infiltrados com gente de esquerda não saíram. 



Coronel Jaime Neves   





Quando eu estava preso em Caxias o Coronel Jaime Neves, já depois do 25 de Novembro, foi-me visitar e disse-me que não nos tinha atraiçoado no 11 de Março, mas que não tinha controlo no Regimento e que não conseguiu sair. 

O Almeida Bruno, ele também Comando (e tinha ficado de movimentar os Comandos) não disse nada e passou incólume em todo este processo. 



No meio daquela balburdia, na casa do Martin, falámos os dois e combinámos que eu iria telefonar ao Cor Moura dos Santos, que comandava a Base, e vivia em Santarém. 

Por volta da meia-noite telefonei e apareceu-me a D. Odete, a dizer que o marido tinha estado em Lisboa no EMFA, e que estava a dormir, tinha tomado comprimidos para isso. Disse-lhe que o Maj Neto de Portugal, Cmdt Esquadra dos T-6, estava muito mal e que precisávamos que o Cor viesse à Base. 

O Moura dos Santos, diz que percebeu logo que havia merda e veio. Fui também chamar o Cor Rafael Durão, que vivia na Base e era o Cmdt do Regimento Paraquedistas. Lá me veio à porta e disse-lhe o que se estava a passar. 

Também disse logo que tínhamos merda. 

Repara que na FAP, Aviões, Helis e os Paras (Páraquedistas) foram os únicos que cumpriram as missões planeadas em Tancos naquela noite. O Neto Portugal que tinha a namorada que vivia na Golegã, e que todas as noites ia para as fadistices chegou mais tarde, até com um copinho, e juntou-se. 

O Amaral dizia que tinha estado no COMRA 1, Monsanto, onde estava o Gen Brochado Miranda, e que este iria contactar com O Gen Lemos Ferreira CEMFA, e que eles estariam de acordo. 

O Durão, e eu próprio, achamos desde o princípio que aquilo estava a ser planeado em cima dos joelhos. Quando o Moura dos Santos chegou a casa do Martin, chamou-o e a mim para perguntar qual era a nossa posição. 

Claro que dissemos, que ele era o Cmdt e seria ele que diria, pois estávamos na BA3. (Em 1974 a Esq 33, Helicópteros, completou mais de dez mil horas de voo, sem acidentes, isto para te dizer que havia disciplina e respeito pela hierarquia e não havia tempo para folclores, isto é um aparte meu). 

O Cmdt agradeceu a nossa lealdade e disse que a posição dele seria a do CEMFA, com quem iria contactar de manhã. Falava-se em bombardeamento ao Ral1 onde estariam ETAS, FRAPS, TUPAMAROS, que seriam os executantes da tal matança da Páscoa. 

Aqui cabe também dizer que no grupo de fuzileiros vinha um Barbieri Cardoso, filho do Director da Pide. Segundo esse grupo, as Embaixadas de França e Espanha, teriam informações dessa operação da matança. Aqui creio que entra a parte que te falei de uma linha política, ligada aos EUA e Europa Ocidental, muito preocupada com a ideia de um Portugal comunista. As tais sinergias que se conjugavam, esta a juntar às que te referi antes. 

Entretanto começaram a chegar a esposa do Spínola, o Irmão e a esposa deste com os filhos e uma sobrinha. O Neto Portugal e eu cedemos-lhe os nossos quartos. Foi uma noite terrível, direi até de angústia. Falava-se em bombardeamento, mas não tínhamos nada preparado, os canhões não estavam montados, uma… não sei como lhe chamar, mas na realidade sempre me convenci que caminhávamos para um drama. 



                O dia 11 de Março de 1975


Às 8 da manhã, como costume, já estou na Esquadra, e a primeira coisa é mandar os alunos embora, e mandar chamar todos os pilotos da Esq. Falar com a manutenção para preparar os helis, montar os canhões em dois deles. 

Entretanto falar com os pilotos já chegados, para se manterem na Esquadra, dando uma imagem do que se estava a passar. E fui para o Gabinete do Comando, onde estava o Spínola, o Amaral, o Tavares Monteiro e um silêncio aterrador. Entretanto o Gen. Brochado Miranda deveria estar a contactar o Gen Mendes Dias CEMFA. 

E eis que toca o telefone, o Cmdt e CEMFA eram do mesmo curso da Escola do Exército, conheciam as vozes, e começam a falar. Sim meu General, sim meu General, e acaba: "ESTAMOS TODOS MEU GENERAL". 

A ti, Gabriel, escuso de te dizer o que isto significa, seja no cabaret das putas ou nas Unidades da FAP.

"Meus Senhores, estamos a cumprir ordens do CEMFA, cumpram as vossas missões". 

Vou para a Esquadra, onde já estão todos os pilotos. Havia duas Esquadrilhas, uma que voava de manhã, outra à tarde e a que voava de manhã tinha alguns pilotos que teriam vôo nocturno.  

Fiz um briefing aos pilotos explicando o que deves compreender que não tinha explicação e até disse uma coisa que ainda hoje há pilotos que não esquecem:

"Isto é uma missão muito especial e acredito que haja quem não esteja de acordo, por ideologia política".

Eu sabia que havia 3 ou 4 comunas e que se tivessem alguma objecção de consciência, que eu não os obrigaria, e mais: desde que não interferissem não lhes aconteceria nada. Na altura ainda não havia telemóveis, portanto não poderiam contactar com quer que fosse. 

A missão seria o transporte de Paraquedistas, creio que teríamos uns seis ou sete helis, para largar no RAL 1 (ainda era assim que se chamava, depois foi o RALIS).


Com dois heli-canhões. Eu iria no 1º e o Zúquete no 2º.



Haveria uma parelha de T-6, com foguetes, pois as bombas, a meu ver eram despropositadas e seria ainda mais terrível,

estavam no paiol em Santa Margarida, o que, portanto, inviabilizava o seu emprego. 


Os aviões iriam armados de foguetes e creio que metralhadoras. Nós entraríamos e largávamos os Paras, depois da entrada dos T-6, que fariam uns passes de foguetes. Recordo-me de ver os T-6 a entrarem e dizer para mim próprio, SEJA O QUE DEUS QUISER.

E como fiz o movimento pela margem esquerda do Tejo, quando os aviões entraram eu comecei a atravessar o rio. Largamos os Paras em frente ao portão da estrada. 

Aqui um aparte, Há uns dois anos zanguei-me com o Neto Portugal de quem era grande amigo, porque o César se permitiu dizer numa entrevista para a RTP, que a missão tinha falhado porque os helis tinham largado os Paras à entrada e não na parada como ele diz que tinha sido combinado. Pois é Amigo, a maneira como eles responderam, com um ataque mínimo de foguetes, que pouco ou nada danificou, seria uma mortandade, pois eles estariam à espera de que algo acontecesse. Deixa-me dizer que mesmo assim tivemos um piloto que foi ferido com um tiro no braço, havendo já um tiroteio contra os helis, O meu canhão estava encravado!!!! 

Na realidade não estava encravado. Tinha sido sabotado e quem o montou na secção de armamento, uma célula do PC, terá partido o percutor. No Ultramar, teríamos montado o canhão no dia anterior e teríamos feito um pequeno voo para testar. Face ao circunstancialismo, que tenho vindo a relatar, não só não se adivinharia o que ia suceder, portanto não o poderíamos ter montado, como devido ao que sucedia não poderia testar antes da saída. 

Só quando os T-6 entraram ao passe e estava a atravessar o rio disse ao atirador para fazer um tiro, que ele bem tentou, mas o canhão estava encravado. Bem gritei para o desencravar, mas não há milagres. O milagre aqui, acredita Gabriel, e face ao que se passou, foi o canhão estar mesmo encravado !!!!!!, pois calculo se tenho entrado com o canhão, face ao fogo que eles estavam a fazer contra os aviões, teria sido, uma tragédia. 

Para um lado ou para o outro, ou até para ambos.


Vou ficar por aqui agora pois até preciso de acalmar um pouco. 

Sempre que revivo estes momentos, acontece. 


Houve outra missão de dois helis, que foram às antenas do Radio Clube Português, na zona de Pegões, para evitar que tivessem capacidade de comunicar. Se queres que te diga, como não houve debriefing, não sei se o conseguiram ou não. Sei que foram lá, mas não sei se resultou algo. 

Entretanto, há o tal piloto do heli atingido, que eu perguntei se estava em condições de voar, ou eu tentaria ir lá buscá-lo. Ele tinha alguns ferimentos, mas o tiro no braço tinha sido muito de raspão, e descolou. Comunicava com ele, e caso possível e face ao que estava a assistir, disse-lhe que caso pudesse fosse para o Montijo. E foi assim que ele se dirigiu à BA6, onde o recuperei e transportei-o para Tancos, onde foi tratado. Felizmente que o tiro lhe tocou muito de raspão e não atingiu mais ninguém. 



 
Capitão Dinis de Almeida, Comandante do RALIS. Era conhecido pelo "Fitipaldi dos Chaimites"... Aqui ainda tenente.



Sem ter qualquer contacto com os Paras, creio que foram logo controlados ao entraram naquele diálogo patético com o Diniz de Almeida. No regresso para Tancos, constatei que as brigadas revolucionárias tinham o controlo das estradas, incluindo a auto estrada. 


Pára-quedista ao centro aceita os argumentos do Capitão Dinis de Almeida, á direita e "rende-se"


Sem saber o que se passava, tive a noção que as coisas estariam a correr de muito má feição para as nossas cores. Aqui entra uma das forças que de certo modo, direi uma das sinergias, se manifestava. O partido comunista, sabendo de algumas movimentações, tomou a iniciativa de explorar a situação, provavelmente usando a tal informação da matança da Páscoa, ou eventualmente, terão sido eles a levantar a questão, pondo uma data para a sua consecução, muito próxima, de modo que não dessem muito tempo às outras facções para se prepararem. 

Esse é para mim um dos enigmas, de onde terá nascido a notícia da matança. Se da extrema-direita ou do partido comunista. E assim cheguei a Tancos, onde o ambiente era muito pesado. Havia já a noção que os Comandos, e o regimento de Estremoz, bem como a Escola de Infantaria de Mafra não tinham saído, e sensação de desespero era grande. Recordo-me de ver o Lemos Ferreira, que tinha chegado a Tancos, não sei como, a falar com o General Spínola e a perguntar também pela Escola Prática de Cavalaria de Santarém. 

Foi decidido enviar alguém a Santarém, já que era esperado que eles saíssem para Lisboa. Mais uma das más, péssimas, preparações da acção. Parece-me que o Cap. Salgueiro Maia se tinha negado a sair. O porquê, creio que se deve à utopia daquela gente, que congeminou a operação. 

Lembro-me que a dada altura e face às notícias da dita matança, em que um dos alvos seria o General Spínola, alvitrei a hipótese de um helicóptero levar o General para Espanha, já que me apercebi do mau planeamento, sem ninguém ter a noção das coisas. Havia imensa pressão, quer das forças de esquerda quer das forças de direita, representadas ali pelos apoiantes do Gen Kaúlza. 

Se tiveres oportunidade e leres a sequência dos acontecimentos do 11 de Março, vais constatar que há nos dias que antecedem a data, reuniões numa morada, Rua Jau, creio que é assim que se escreve, com gente do Alpoim Calvão, Xavier de Brito e um grupinho de civis, do qual faziam parte o José Carlos Champalimaud, um Irmão dele, Miguel Champalimaud, o Gen Tavares Monteiro, o Cor Durval, e até o Irmão do Carlos Simas, TCor na Reserva Vasco Simas que tinha trabalhado no Gazcidla, para o Casal Ribeiro, tudo gente ligada à direita. 

Ligados ao Partido Socialista, teríamos o Maj Monge, e Maj Casanova Ferreira, que não os vi em Tancos, mas que mantinham contactos com o Carlos Simas, e entre outros eram eles que faziam a protecção do Mário soares, em Massamá, onde tinha uma quinta. O Monge creio que posteriormente veio a ser Governador civil de Beja, pelo PS, e o Casanova veio a ser comandante da Polícia da PSP. Ainda havia o Ramalho Eanes que estava na Televisão, como administrador ou gestor, que não apareceu, nem o Sanches Osório um dos grandes protagonistas do 25 de Abril. Veio a ser Ministro da Comunicação Social de um dos governos provisórios. 


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Para finalizar este 4º capítulo desta história, um aparte meu...


Para interligar histórias aqui publicadas, tenho que acrescentar um episódio acontecido entre dois personagens retratados neste blogue.

Entre o Capitão Valente (agraciado com o grau de Oficial da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito) a que presto a minha mais sentida homenagem numa história que podereis ler aqui e este revolucionário comandante do Ralis, cap Dinis de Almeida.

Isto passou-se em Moçambique por volta de 1967, no Niassa.

Dinis de Almeida, Alferes na altura, estava em tirocínio com a 4ª Companhia de Comandos, comandada pelo Cap Valente. após o curso na Academia,

Numa conversa de que já não me lembro os pormenores, o Alferes Dinis de Almeida manifesta ao Capitão Valente o grande desejo de se tornar, também ele, Comando.

Acto contínuo, numa manifestação absolutamente normal naquele excepcional combatente, o Capitão Valente enfia-lhe duas valentes murraças na cara.

Atordoado, o Alferes Dinis de Almeida fica sem fala e nem reage...


Diz-lhe o Capitão Valente:

- Está a ver porque é que você nunca poderá vir a ser um Comando?

Se tivesse capacidade para tal teria reagido de imediato e partia-me a cara.

Não o fez.

Não vai servir para Comando.

Esqueça!






Sumário dos capítulos desta história: 

1.      O que foi o 25 de Abril de 1974.

2.      O Movimento dos Capitães

3.      Preparativos para o 11 de Março

4.      11 de Março de 1975 (Esta história)

5.      Fuga para Espanha e Brasil

6.      Preso num Seminário, em Braga

7.      Da prisão à liberdade

8.      Programa do MFA






 



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